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Estruturas que Compõem o Sistema de Transposição do São Francisco

Foto_MIDR

No Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do País. O Rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região, historicamente submetida a ciclos de seca rigorosa, como a que vivemos atualmente. Para minimizar os efeitos da escassez da região e promover maior segurança hídrica na região, o Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) integra e pereniza as bacias do Nordeste Setentrional, representando uma extraordinária contribuição para amenizar o sofrimento das populações mais castigadas e auxilia no desenvolvimento das regiões do Semiárido, uma das regiões mais áridas e vulneráveis ​​do país.

O PISF é a maior obra de infraestrutura hídrica já realizada no Brasil. Com a transposição das águas do Rio São Francisco, o empreendimento busca garantir o abastecimento para mais de 12 milhões de pessoas, em 390 municípios, entre os estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Por meio de dois eixos principais – o Eixo Norte e o Eixo Leste -, a água percorre 477 quilômetros, conectando canais, estações de bombeamento, barragens, aquedutos e reservatórios, irrigando áreas que historicamente sofrem com a seca.

Neste artigo, você vai entender o atual funcionamento da operação do sistema PISF, a partir do detalhamento de cada uma das etapas e estruturas essenciais, desde a coleta até a distribuição. Além disso, abordaremos os principais aspectos de gestão e monitoramento que garantem a segurança e a eficiência do projeto, garantindo que a água chegue às comunidades e regiões beneficiadas de forma sustentável e controlada.

Visão Geral do Sistema PISF

Conforme Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), o Projeto São Francisco foi a mais consistente alternativa estrutural para o fornecimento adequado de água à região Nordeste. Estudos e avaliações técnicas foram realizados (estudos de impacto ambiental, de inserção regional, de viabilidade técnica, econômica e hidrológica) conforme diretrizes do Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, concluído pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

O sistema PISF é composto por duas principais frentes de captação e distribuição de água: o Eixo Norte, com 260 quilômetros de extensão, e o Eixo Leste, que se estende por 217 quilômetros, cada qual projetado para atravessar terrenos desafiadores e garantir o fornecimento hídrico em localidades críticas. Estes dois eixos integram uma rede complexa e interconectada de estruturas que englobam 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, nove subestações de 230 quilowatts, 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão, 27 reservatórios e quatro túneis. Com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas I, localizado entre os estados do Ceará e da Paraíba, é o maior da América Latina para transporte de água.

Estruturas e Componentes

Eixo Norte: Iniciando em Cabrobó, no estado de Pernambuco, o Eixo Norte leva a água do Rio São Francisco para os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Este eixo é dotado de três Estações de Bombeamento, que superam altitudes e facilitam o transporte da água por meio de canais, aquedutos e túneis que atravessam barreiras naturais. O Eixo Norte é fundamental para alcançar regiões mais afastadas e é o mais extenso do PISF.

Eixo Leste: Partindo de Floresta, também em Pernambuco, o Eixo Leste é direcionado para abastecer o estado da Paraíba. Ele atravessa áreas de difícil acesso e utiliza seis Estações de Bombeamento, um túnel, aquedutos e canais para contornar elevações e variações no terreno. O Eixo Leste é de grande importância para o abastecimento de centros urbanos importantes, como Campina Grande.

Ambos os eixos são compostos por sistemas robustos de canais abertos, onde a água pode fluir com maior facilidade, além de aquedutos e túneis que ajudam a contornar as formações geográficas. Estações de bombardeio ao longo dos eixos mantém o fluxo contínuo da água, garantindo que o alcance hídrico atinja pontos mais altos e supere as dificuldades naturais do relevo nordestino.

Histórico

Inicialmente dividido em 16 lotes de obras que foram licitados com contratos individuais, o Projeto São Francisco, em 2011, teve seu planejamento reconfigurado para 6 Metas:

No Eixo Norte

Meta 1 Norte – (140 km): Captação no rio São Francisco, em Cabrobó (PE), até o Reservatório de Jati (Jati, CE). Municípios envolvidos: Cabrobó (PE), Terra Nova (PE), Salgueiro (PE), Verdejante (PE) e Penaforte (CE);

Meta 2 Norte – (39 km): Início no Reservatório Jati (Jati, CE) até o Reservatório Boi II (Brejo Santo, CE). Municípios envolvidos: Jati, Brejo Santo e Mauriti, todos no Ceará;

Meta 3 Norte – (81 km): Do Reservatório Boi II (Brejo Santo, CE), até o Reservatório Engenheiro Ávidos (Cajazeiras, PB). Municípios envolvidos: Brejo Santo (CE), Mauriti (CE), Barro (CE), Monte Horebe (PB), São José de Piranhas (PB) e Cajazeiras (PB).

No Eixo Leste

Meta 1 Leste – Meta Piloto (16 km): Captação no Reservatório de Itaparica até o Reservatório Areias, em Floresta (PE). Município envolvido: Floresta (PE);

Meta 2 Leste – (167 km): Início na saída do Reservatório Areias (Floresta, PE), até o Reservatório Barro Branco, em Custódia (PE). Municípios envolvidos: Floresta (PE), Custódia (PE) e Betânia (PE);

Meta 3 Leste – (34 km): Entre o Reservatório Barro Branco (Custódia, PE), e o Reservatório Poções (Monteiro, PB). Municípios envolvidos: Custódia (PE), Sertânia (PE) e Monteiro (PB);

As Estações de Bombeamento são fundamentais, pois ajudam a superar os desafios naturais, especialmente nas regiões de elevações mais acentuadas. No Eixo Norte, as três Estações de Bombeamento vencem um desnível de 188 metros. No Eixo Leste, as seis Estações superam um desnível de 332 metros.

Ramais Associados

Além dos eixos estruturantes há também os Ramais associados, estruturas que integram o PISF, a seguir são apresentadas uma descrição breve de cada uma delas:

Capacidade Projetada e Capacidade atual de Bombeamento

1. Eixo Norte: Capacidade projetada para o bombeamento é de 99 m³/s enquanto a instalada é de 24 m³/s;

2. Eixo Leste: Capacidade projetada para o bombeamento é de 27 m³/s enquanto a instalada é de 14 m³/s;

3. Ramal do Agreste: Capacidade projetada de 8 m³/s;

4. Ramal do Apodi: Capacidade projetada de 40 m³/s desde a barragem de caiçara até o Km 30, onde ocorre a derivação de 20 m³/s para o Ramal do Salgado, em seguida 20 m³/s;

5. Ramal do Salgado: Capacidade de 20 m³/s desde o Km 30 até alcançar o Rio Salgado, afluente ao reservatório do Castanhão;

6. Ramal do Entremontes: Ainda não construído, possui projeto básico apenas, e nele está prevista vazão de projeto de 25 m³/s.

Desde quando o PISF fornece água aos estados beneficiados?

Eixo Norte

Eixo Leste

Gestão da Água e Sustentabilidade Hídrica

A operação do sistema de transposição do Rio São Francisco não se limita ao transporte de água; ela depende de uma gestão hídrica eficaz que garanta a sustentabilidade dos recursos naturais ao longo do tempo. Para que o sistema cumpra seu propósito de suprir as necessidades hídricas do semiárido nordestino, é fundamental que todas as partes envolvidas – desde as comunidades beneficiadas até os gestores e operadores do sistema – participem de um uso consciente e sustentável da água.

Uso Sustentável da Água

O uso sustentável da água é um dos principais objetivos da gestão do sistema de transposição, visando prolongar a disponibilidade dos recursos hídricos e mitigar os impactos ambientais. Práticas de conscientização e políticas de consumo racional são inovadoras para educar a população local sobre a importância de economizar e utilizar a água de maneira eficiente. Além disso, são estabelecidos limites de uso, de acordo com a necessidade e a capacidade de abastecimento, para evitar o desperdício e garantir que as águas do São Francisco beneficiem o maior número possível de pessoas, respeitando também as necessidades ecológicas.

Essas práticas são essenciais, especialmente em áreas de escassez, como o Nordeste, onde o clima seco e a irregularidade das chuvas intensificam a necessidade de uma gestão cuidadosa. O incentivo ao uso responsável da água não só ajuda a garantir o abastecimento atual, mas também preserva os recursos hídricos para as futuras gerações.

Desafios de Gestão

A gestão dos recursos hídricos do sistema de transposição enfrentou diversos desafios que encerraram soluções inovadoras e a colaboração de várias instituições. Entre os principais desafios estão:

Clima e Variabilidade Hídrica: A variação nas precipitações e as próprias limitações de recursos naturais criam incertezas quanto ao abastecimento regular. Períodos de seca diversos, por exemplo, podem variar com o volume de água disponível para a captação e, consequentemente, para a distribuição.

Infraestrutura de Distribuição: Manter e modernizar a infraestrutura ao longo dos anos é essencial para reduzir as perdas de água por vazamentos ou falhas no sistema, o que requer investimentos contínuos em tecnologia e capacitação técnica.

Gestão Integrada com Estados e Municípios: Coordenar a distribuição de água entre diferentes estados e municípios exige uma comunicação eficiente entre todas as esferas de governo. Essa integração é vital para otimizar o uso da água e resolver rapidamente questões que possam surgir, como disputas por recursos ou necessidades emergenciais.

Comunicação, Educação e Conscientização Comunitária: Para que o projeto de transposição seja eficaz a longo prazo, é fundamental que a população local compreenda a importância de conservar a água. Programas de educação ambiental e campanhas de conscientização são, portanto, essenciais para cultivar uma cultura de sustentabilidade hídrica.

Esses desafios evidenciam a complexidade da gestão de um sistema de transposição em grande escala. Superar essas dificuldades é crucial para garantir que o Projeto São Francisco continue beneficiando o semiárido brasileiro, proporcionando segurança hídrica e ajudando a desenvolver as regiões atendidas.

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